Na escola é arte, na rua é lixo

O lixo, os monumentos de Brasília e o combate ao Aedes aegypti. O que isso tem que ver com a escola pública? Cleiton Torres, professor de arte no Centro de Ensino Médio (CEM) 01 Sobradinho, provou que, além de ter relação com a escola pública, esses três temas estão inter-relacionados entre si e com a temática da água, da saúde e da “arte efêmera”.
Ele usou a concepção de arte efêmera e resíduos sólidos para mostrar essa reciprocidade. Estudantes de 1º e 2º ano do CEM 01 de Sobradinho, integrantes de 12 turmas (nove primeiros anos e três segundos anos), expuseram trabalhos artísticos com os formatos dos monumentos de Brasília feitos com tampinhas de garrafas PET.
A atividade fez parte de uma ação pedagógica da escola que, no dia 4 de abril, realizou o dia letivo temático “água e saúde” com foco na Campanha de Combate ao Aedes aegypti. Para isso, os (as) estudantes encararam o desafio de recolher as oito mil latinhas de alumínio e oito mil tampinhas e produziram a denominada “arte efêmera”.
Antes de iniciar a elaboração do projeto artístico, os (as) estudantes assistiram ao documentário Lixo Extraordinário. Após a projeção do vídeo houve uma roda de conversa reflexiva e propositiva para criação de uma agenda de ações que contemplasse assuntos ligados ao tema da responsabilidade ambiental.
A coleta das oito mil tampinhas e das oito mil latinhas nas ruas foi uma das ações propostas do professor de arte executadas pelos (as) estudantes que participaram do projeto. “O objetivo da ação era mostrar para os (as) estudantes que, por meio da coleta desses resíduos, poderíamos transformar o nosso ambiente com produções artísticas e geração de renda”, conta Cleiton Torres.
“Nenhuma turma conseguiu atingir o objetivo de coletar exatamente oito mil tampinhas e oito mil latinhas, mas todas trouxeram uma quantidade significativa desses resíduos sólidos, dando, dessa maneira, sua contribuição ambiental, social e artística para nossa cidade”, comenta o professor.
Ele informa que, com as tampinhas, foi realizada uma produção artística coletiva, e, com as latinhas, a equipe levantou recursos financeiros para prover a escola de materiais mais técnicos e de melhor qualidade para utilização nas aulas de arte, como violões, instrumentos de percussão, um bom pincel, uma boa tinta, um papel com uma gramatura adequada para produção de uma pintura, entre outros.
O professor explica que a relação dos monumentos de Brasília com todas essas temáticas é muito emblemática. “Numa sondagem inicial percebi que os (as) estudantes de Sobradinho não reconhecem os monumentos pelos seus nomes. A grande maioria desconhece esse patrimônio cultural e artístico local. Aproveitei o mote e sugeri que fizéssemos nossa produção artística inspirada nos monumentos de Brasília. E, por acaso, estamos no mês de aniversário da capital. Então tudo foi se encaixando”.
Os (as) estudantes envolvidos no projeto também desconheciam o conceito de arte efêmera. Daí, ele sugeriu que fosse realizado um o trabalho no chão, nos corredores e nas praças da escola, saindo dos espaços convencionais das paredes e murais, e que o trabalho tivesse a duração de um dia. “Tivemos uma semana de imersão na produção artística e convivência com esses monumentos que, mesmo estando tão próximos de nós, parecem muito distantes”, afirma o professor.
Durante as produções muitas personalidades, como Nicole Luz, representante do Distrito Federal no The Voice Kids, Deuzair Amancio, diretora do Sinpro-DF, e Hellen Gárcia, artista plástica da cidade, passaram pela escola e tiveram a oportunidade de apreciar o trabalho.
“Encontrar o professor Cleiton e seus (suas) estudantes tão entusiasmados (as) com esse projeto, no dia da realização de uma Plenária Regional em que discutimos a Campanha Salarial/PDE, apenas reforça a importância de continuarmos a luta pelo cumprimento das metas, estratégias e diretrizes do plano. Essas traduzem em mais investimentos para a Educação”, comenta Delzair Amancio, diretora da Secretaria para Assuntos de Raça e Sexualidade do Sinpro-DF.
Ela lembra que, além de garantir a valorização salarial da categoria, a exemplo da Meta 17 – referência da Campanha Salarial 2016, O PDE, no geral, assegura a melhoria da Educação pública e gratuita do DF de forma que professores (as), estudantes, pedagogos(as)-orientadores(as) educacionais sintam prazer no ambiente escolar.
“Esse ambiente é possível com o PDE porque ele define como serão os investimentos de recursos financeiros, pedagógicos e trabalhistas da rede pública de ensino, como recursos humanos e materiais, bem como estruturas físicas adequadas e em quantidade suficiente. Por isso, o esforço do sindicato em envolver toda a comunidade escolar na defesa desta Lei Educacional denominada de PDE”, finaliza.
Ao todo foram trabalhados 12 monumentos. Confira as fotos:

  1. Torre Digital
  2. Congresso Nacional
  3. Palácio da Alvorada
  4. Dois Candangos
  5. Catedral
  6. Terceira ponte
  7. Museu da República
  8. Memorial JK
  9. Panteão da Pátria
  10. Igrejinha da 307/308 Sul
  11. Torre de TV
  12. Palácio da Alvorada

 
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