Golpistas têm 48 horas para sair do gramado do Congresso

Precisou quase ocorrer uma tragédia, com golpistas dando tiros na Marcha das Mulheres Negras que reuniu 20 mil pessoas e no acampamento da CUT, para o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciar nesta quinta-feira (19) que os manifestantes que defendem o impeachment ou o golpe militar têm 48 horas para desmontar suas barracas em frente ao Congresso Nacional. “Se o prazo não for cumprido e se não saírem pacificamente, usaremos os meios necessários para fazer a desobstrução. A gente percebe que os riscos são cada vez maiores e por isso a necessidade de retirar os acampamentos”,  disse o governador Rollemberg à Agência Brasil.
A decisão foi apresentada após reunião de Cunha com o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), com o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), e lideranças partidárias, no início da noite de ontem na presidência do Senado.
Após acordo com congressistas, os dirigentes e militantes CUTistas, que montaram acampamento na quarta-feira (18) exatamente entre dois grupos de segmentos da direita, resolveram transferir as barracas no meio da noite de quinta para a sede da Contag no Núcleo Bandeirante. A mobilização CUTista,prosseguirá, mesmo a certa distância, para pressionar o Congresso a destravar a pauta de interesse da classe trabalhadora e exigir do governo nova política econômica para desenvolvimento com geração de emprego e renda e redução das desigualdades sociais.
“Defendemos o fim da discussão golpista, de retrocessos políticos e econômicos. Queremos prioridade dos parlamentares e dos governantes na aprovação e implementação de projetos e políticas que assegurem mais direitos e mais democracia”, explica Rodrigo Rodrigues, secretário-geral da CUT Brasília e um dos coordenadores do acampamento da Central.
Insegurança e radicalização
“O governador Rollemberg manifestou a todos nós a preocupação com a incapacidade que ele tem de manter a segurança, a ordem pública no jeito que as coisas estão ficando […]. Em função disso, nós tomamos a decisão de buscarmos uma saída de consenso. Solicitamos que aqueles que entraram ontem [CUT], que não tinham autorização nossa, que, se pudessem, se retirassem”, contou Eduardo Cunha, claramente acuado pela possibilidade de ser responsabilizado por conflitos com gravidade diante do Congresso, já que autorizou o acampamento dos segmentos dos golpistas na área.
“Nós vamos pedir, também, para os demais grupos que lá estão para que num prazo de 48 horas possam também se retirar para que a gente possa restabelecer a ordem”, completou o presidente da Câmara. Cunha, no entanto, afirmou que a atitude não é uma tentativa de cercear a liberdade de expressão. “A medida foi tomada pela incapacidade que nós temos de garantir a segurança deles. Não é por qualquer vedação à manifestação, ou vedação a qualquer tipo de ideologia que possa estar sendo expressada”, ponderou.
Entre os grupos de direita acampados desde outubro, há aquele que defende o golpe militar e promete resistir no acampamento, segundo anunciou um dos integrantes à imprensa, admitindo haver muito armamento. Fazem parte deste grupo os dois policiais que deram disparos de pistolas na 1ª Marcha Nacional das Mulheres Negras e no acampamento dos CUTistas. Depois dos tiros, ambos os policiais procuraram refúgio na barreira policial militar e legislativa, onde foram detidos, mas liberados após pagamento de fiança na delegacia.,