Escola Classe 410 de Samambaia: Uma Escola Sustentável

Hermínia Maria Campos Fernandes[1]
1A Educação Ambiental envolve mais do que a recepção de pessoas em parques, reservas ambientais e aulas de legislações. Objetiva sensibilizar as pessoas da necessidade de manter o equilíbrio ambiental através de práticas simples que determinam uma mudança de hábitos. Ela mapeia os problemas ambientais, estuda os agentes envolvidos e propõe soluções de como mudar a realidade local agregando valores àquelas atividades que ao mesmo tempo geram emprego e renda como também preserva a cultura e a fauna e flora local. Está sendo uma necessidade de sobrevivência humana. Neste sentido, há 4 anos, a Escola Classe 410 de Samambaia vem trabalhando com seus resíduos sólidos pois estes estão a cada ano sendo maiores devido ao consumismo exagerado, além de ser um fator econômico e político.
Fundada em 1993, a Escola Classe 410 de Samambaia possui cerca de 650 alunos, em média. A escola possui uma área verde considerável e acessível a qual facilitou ações voltadas para a coleta seletiva e implementação de sistemas agroecológicos (jardins permaculturais e hortas orgânicas, agroflorestas), na qual, além do contato com a terra trabalha-se com a educação alimentar individual e familiar e conhecimentos científicos ao longo do ano letivo.
O tema principal escolhido para desenvolver o projeto foi resíduos sólidos. A escolha foi realizada depois de um diagnóstico e levantamento sobre o que mais incomodava na escola: ratos e ninhos desses, entupimento de canais pluviais, falta de manutenção e uso das áreas verdes da escola. A legislação ambiental que respalda as iniciativas são a lei de Educação Ambiental 9.795 de 27 de abril de 1999; a lei de Resíduos Sólidos 12.305 de 2 de agosto de 2010 e uma legislação específica, que veio para reforçar e legitimar o trabalho de 4 anos, que foi a Lei 5316 de coleta seletiva nas escolas do Distrito Federal, de 18/02/2014.
A partir do diagnóstico e implementação da coleta seletiva observamos o volume dos resíduos que poderiam ser reciclados na própria escola – resíduos orgânicos (exceto os do banheiro) eram suficientes para gerar adubo orgânico para adubação de todos os sistemas agroecológicos, foi criada uma composteira e um minhocário onde observa a reciclagem deste material, completando um ciclo biológico. As sobras de alimentos temperados são enviadas para os chacareiros que as recolhem diariamente.
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O trabalho com o conceito de reutilização é feito através das oficinas de cadernos. Os cadernos velhos são recolhidos ao final do ano. As páginas usadas são direcionadas à reciclagem e as folhas brancas restantes serão utilizadas para a fabricação de novos cadernos que serão usados como diário científico. A origem do nome do projeto Alfabetização Ambiental e Ciclos Biológicos, está na introdução, para as crianças e demais seguimentos da escola, do vocabulário cientifico de forma concreta. Os Ciclos Biológicos, por sua vez, são estudados a partir do desenvolvimento de sementes, até a sua colheita, e seus restos (folhas e cascas de frutas do pomar da escola) que são reciclados nas fábricas de adubo orgânico (a composteira e o minhocário). Neste caso, é feita a referência da origem da palavra re-ciclar, isto é, tornar de volta ao ciclo, no caso, os ciclos biológicos das plantas e dos seres vivos envolvidos na sua decomposição. As folhas, cascas e restos de frutas e aparas de lápis se “transformarão” novamente em árvores, frutas e hortaliças.
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Os demais resíduos coletados seletivamente são vendidos para uma empresa de recicláveis. Eles geram uma média mensal de R$25,00. A importância citada não paga todos os gastos na manutenção do projeto, mas é uma forma de recompensa por fazer nossa parte nas questões de preservação ambiental, pois a grande economia vem em poupar nossos recursos naturais.
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À medida que a escola foi tomando forma estrutural voltada para a formação de agentes ambientais, passou a ser referência de “Uma Escola Sustentável em Samambaia”, tendo o apoio da Regional de Ensino de Samambaia.  Com o apoio dos diretores, professores, colaboradores e dos parceiros como a OnG Mão na Terra, com seu projeto Plantando Árvores e Colhendo Educação, e a Emater, com o seu projeto Agricultura urbana, podemos, hoje, receber visitas e até mesmo estagiários dos cursos da área ambiental para orientação de técnicas, Ensino de Biologia e Educação Ambiental. As parcerias das empresas da G&E e da SERVEGEL contribuem com o projeto de forma efetiva porque diminuiu bastante os resíduos na escola e garante a durabilidade da limpeza.
Nossa meta é fazer com que o indivíduo adquira uma visão interdisciplinar tanto no aspecto social, econômico e político de cada problema ambiental o que lhe permite a reformulação de valores e atitudes e uma nova concepção de cidadania: a Cidadania Ambiental.
Com esse intuito foi elaborado livreto Os 10 Mandamentos da Escola Sustentável. Nele a mascote, eleita e batizada pelo nome de Vivá, nome de origem indígena: forte como a natureza, dialoga com as crianças bem como personagens lendários para estimular a interdisciplinaridade e a ludicidade do trabalho de Educação Ambiental. Os projetos intercalasse como foi o da alimentação Saudável e a Semana Ambiental foi um trabalho em que todos envolviam seus saberes e a participação da comunidade se via no envio, nas lancheiras de frutas e outros alimentos saudáveis, bem como a preferência das saladas e verduras e legumes oferecidos na cantina.
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Com o Viveiro de mudas da escola, os alunos percebem o desenvolvimento das sementes de hortaliças que irão para os canteiros. Acompanham todo o ciclo biológico de cada hortaliça.
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O professor Paulo Gileno, pedagogo e atual diretor da escola, foi um dos grandes incentivadores do projeto. Idealizou e, juntamente com a comunidade escolar, parceiros e gestões anteriores, construiu várias benfeitorias para viabilizar o projeto, como o viveiro de mudas, canteiros na horta orgânica, o minhocário, escadas de acesso à agroflorestal e a Pérgola. São construções essenciais ao bom andamento do projeto. Paulo ressalta a importância deste tipo de iniciativa para difundir uma cultura de sustentabilidade ambiental, através da conscientização de alunos, professores e comunidade em geral.
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Para desenvolver este projeto temos as etapas descritas no cronograma de ações descrito no Projeto Político Pedagógico. Lembrando que, a cada ano, se farão necessários o reforço das ações e novos hábitos adquiridos devido à movimentação de professores e à chegada de alunos novatos[2].
A avaliação do projeto será feita anualmente com a participação de todos os segmentos da escola e discutido nas reuniões pedagógicas ao início de cada ano letivo.
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Com a união de alguns professores idealistas Selma Senhora Teixeira da Escola Classe 303 de Samambaia, Valmir Marcos Pereira Campos, em Ceilândia e Vanusa Cruz Freitas do CED Vargem Bonita no Núcleo Bandeirante realizamos o projeto REDES – Redirecionamento de estudantes das Escolas Sustentáveis, onde as crianças que foram alfabetizadas ambientalmente e darão continuidade nas escolas subsequentes.


[1] Graduada em Ciências Biológicas; Especialização em Educação Ambiental (UnB), Professora da Escola Classe 410 de Samambaia – Brasília/DF. Endereço: QN 410 – Área Especial 01. Fone: (61) 39017698. E-mail: herminiamc@yahoo.com.br
[2] O PPP (Plano Político Pedagógico) com os detalhes e planos de ações está localizado no seguinte site da http://sumtec.se.df.gov.br/sistemas/ppp/wp-content/uploads/2014/10/PPP-EC-410-1.pdf. Nele se encontra toda a proposta do projeto e suas parcerias


REFERÊNCIAS
Plano Político Pedagógico – PPP. Disponível em http://sumtec.se.df.gov.br/sistemas/ppp/wp-content/uploads/2014/10/PPP-EC-410-1.pdf. Nele encontra toda a proposta do projeto e suas parcerias
Os Dez Mandamentos da Escola Sustentável.  Manual. Escola Classe 410 – Samambaia. GDF-SE; CRE; SAM. Criação e Edição: Hermínia Maria Campos Fernandes. Revisão: Mônica Lucas e Rosemary  Tebaldi. Brasília-DF, 2015. (Baseado no Manual , 10 mandamentos da ecologia, elaborado por RH Hotel e Mini Mundo. Gramado-RS)