Compromisso de luta renovado nos 32 anos de CUT

Dirigentes sindicais, militantes CUTistas e de outros movimentos sociais, além de trabalhadores de base e estudantes compareceram à Câmara Legislativa do Distrito Federal para celebrar os 32 anos da CUT Brasília na noite da última sexta-feira (28). Idealizada pelo deputado distrital e primeiro presidente da CUT Brasília Chico Vigilante, a cerimônia rememorou a criação da Central e seu papel na luta pela redemocratização do país e organização do sindicalismo combativo, além de discutir a atual conjuntura política e econômica e os desafios da Central de outras organizações de esquerda diante do avanço conservadorismo e da direita.
Sessão Solene da CLDF em comemoração aos 32 anos da CUT - 28-08-2015 Fotos-Drielle  (9)“A nossa Central é o maior e o principal instrumento de luta que a classe trabalhadora possui, portanto homenagear a CUT é agraciar todos os trabalhadores e trabalhadoras do setor público e do setor privado, do campo e da cidade”, discursou o presidente da CUT Brasília, Rodrigo Britto.
Para o jovem líder CUTista, é importante resgatar a memória da Central para que a juventude conheça e construa mais 32 anos de lutas e conquistas. “No primeiro semestre desse ano, num momento de fragilidade da categoria dos servidores da educação, mais de 500 trabalhadores do campo, unidos com trabalhadores do setor privado, foram para a Rodoviária e paralisaram o eixo Monumental dos dois lados. Fora isso, o sindicato dos rodoviários paralisou as atividades da categoria por quase duas horas com uma única pauta: a defesa dos servidores da educação. Isso é a CUT: é você pegar determinada categoria e fazer com que a luta dela seja a luta de toda a classe trabalhadora e não apenas uma luta corporativa”, discursou Rodrigo Britto.
“Nós temos muito orgulho dos 32 anos que foram construídos e vamos trabalhar para construir mais 32 anos de lutas e conquistas pela frente. Vamos organizar as categorias que precisam ser organizadas, fortalecer as categorias que precisam ser fortalecidas e vamos fazer o enfrentamento a quem queira acabar com a democracia, com a liberdade e com os direitos do nosso país porque a CUT nasceu pra isso. Quem esteve à frente sempre da CUT pode ter certeza que nós, que estamos chegando nesse processo e assumindo o compromisso de tocar a CUT, vamos fazer de tudo pra honrar quem fez essa trajetória e vamos fazer de tudo também pra buscar e formar novos e militantes com o objetivo de construir um futuro com justiça social”, afirma o presidente da CUT Brasília.
Construção e consolidação da CUT no DF
“O ano era 1984, após a fundação da CUT Nacional, nos dias 7 e 8 de julho daquele ano, a CUT Brasília começava suSessão Solene da CLDF em comeroração dos 32 anos da  CUT - 28-08-2015 (5)a trajetória. O  1° Conclat,do DF evento que fundou a CUT, tinha 146 delegados inscritos, dos quais 121 participaram efetivamente, representando 15 entidades. Nesses dois dias em que foi realizado o congresso, foi discutida a conjuntura política nacional e local, situação do movimento sindical e construção da CUT no DF”, lembra o deputado distrital Chico Vigilante (PT)
A pauta reivindicatória da CUT àquela época incluía o fim da política econômica do governo e do regime militar e a defesa da liberdade e autonomia sindical,  do salário desemprego, da estabilidade no emprego, da reforma agrária sob o controle dos trabalhadores, das eleições livres e diretas.
“A CUT passou por diversas dificuldades, inclusive no âmbito financeiro até se estabelecer como a maior central sindical da América Latina. Aqui em Brasília, sofríamos muita repressão policial, inclusive nos momentos de entregar os nossos informativos e jornais. O regime militar ainda não tinha se retirado totalmente da cena política do país, e éramos taxados de baderneiros e terroristas. De certa forma, parte dessa imagem continua na ideia de parte conservadora da população que não entende o real papel da Central e das lutas democráticas”, afirma o dirigente dos vigilantes e coordenador do Departamento Interssindical de Estatística e Estudos Socio Econômicos – Dieese, José Maria de Oliveira.
Antonio Lisboa, representando a direção nacional da CUT, na qual ocupa a Secretaria de Relações Internacionais, ressalta que a construção da quinta maior Central Sindical do mundo se deu em um espaço de tempo pequeno se comparado com o tempo de existência das outras maiores centrais. Para ele, a CUT tem muito a comemorar por isso e por ter participado e estado à frente de todas as conquistas da classe trabalhadora no Brasil nesse período, o que dá à Central reconhecimento em todo o país e no mundo.
Defesa da democracia e dos direitos
“Somos todos e todas parte de uma mesma classe que é a classe trabalhadora. Esse é o sentimento que nos faz colocar em oposição a essa elite que sempre dominou o país e que governou esse país querendo que os trabalhadores voltassem à senzala. Portanto, esse sentimento de classe Sessão Solene da CLDF em comeroração dos 32 anos da  CUT - 28-08-2015 (1)foi consolidado com a existência da Central Única dos Trabalhadores”, explica a deputada federal e ex presidente da CUT Brasília, Érika Kokay (PT-DF).
“É isso o que nos faz ir às ruas nesse momento contra esse golpe que está sendo armado pela direita, que na verdade é um golpe contra os trabalhadores e trabalhadoras desse país. Eles não se conformam porque nós elegemos um operário e a uma mulher para presidir esse Brasil”, afirma a deputada federal Érika Kokay. “Eles querem voltar às trevas da ditadura, rasgando o nosso voto e criminalizando os movimentos e organizações dos trabalhadores. Isso se soma a diversos ataques à classe trabalhadora, inclusive o PL 4330 (da subcontratação e precarização ilimitadas)”, afirma a parlamentar.
O presidente do Sindicato dos Rodoviários, Jorge Farias, complementou afirmando que é dever de todos os dirigentes CUTistas “politizar os trabalhadores para combater a mentira que é transmitida hoje pela mídia, como a Globo, que enaltece golpistas como Aécio e Cunha”. Em seguida, fez profissão de fé, dizendo que “os CUTistas estarão, com certeza, à frente de todas as lutas contra aqueles que querem  atacar a democracia e os direitos dos trabalhadores”.
Audiência contra a precarização
O deputado Chico Vigilante afirmou que será realizada uma audiência pública sobre o PL 4330 (PLC 30 no Senado) no dia 25 de setembro a partir das 10h, na Câmara Legislativa do DF, e convocou todos e todas presentes para participarem da ocasião e deixar claro que a classe trabalhadora não aceitará esse retrocesso.
“Nós vamos lotar esse plenário da Câmara Legislativa e marcar posição contra o famigerado PL 4330, que agora se chama PLC 30 no Senado! Esse projeto só não foi aprovado por causa da CUT. Todo mundo negociou e se rendeu e nós continuamos de pé, em defesa intransigente dos direitos da classe trabalhadora e  contra esse retrocesso  que não tem nada de benéfico para os trabalhadores. Só favorece os empresários e grandes fortunas desse país”, afirma o presidente da CUT Brasília, Rodrigo Britto.