ONU lança no Brasil Década Internacional de Afrodescendentes

O governo brasileiro e a Organização das Nações Unidas (ONU) lançaram ontem (22) oficialmente no país a Década Internacional de Afrodescendentes, um reconhecimento da ONU de que não é fácil a vida dos 200 milhões de descendentes de vítimas da escravidão ou imigrantes mais recentes de africanos que vivem nas Américas.
Com o tema Reconhecimento, Justiça e Desenvolvimento, a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou o período entre 2015 e 2024 como a década de promoção e proteção dos direitos humanos de afrodescendentes.
A ONU reconhece que a maior parte dos afrodescendentes tem acesso limitado à educação de qualidade, serviços de saúde, moradia, segurança e participação política. Também são vítimas mais frequentes de violência policial e de discriminação perante a Justiça.

Plano de Ações

O Brasil terá um plano de ações para promover a igualdade racial pelos próximos dez anos, anunciou ontem a ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República, Nilma Lino Gomes. As ações devem começar a ser discutidas com os movimentos sociais em novembro, mês da Consciência Negra, e seguem os eixos propostos pela ONU.
“Vamos realizar uma série de eventos, seminários e discussões. Vamos também aprimorar políticas voltadas à promoção da igualdade racial”, diz Nilma. Segundo ela, a intenção é estreitar relações com América Latina, Caribe e África: “Precisamos fazer crescer a luta pelos afrodescendentes no mundo”.
“Reconhecemos grandes avanços na sociedade brasileira nos últimos 20 anos, em termos de melhorias na condição material da população negra e também grandes progressos feitos na legislação, no combate à discriminação, incorporação de ações afirmativas e de cotas. Mas é preciso enfatizar o muito que ainda precisa ser feito para reduzir a desigualdade”, diz o coordenador residente do Sistema das Nações Unidas no Brasil, Jorge Chediek.
Além de um plano próprio, o Brasil terá de cumprir metas globais que, segundo Chediek, estão sendo discutidas no âmbito da ONU e devem ser definidas nos próximos meses.
“A década está começando e eu acho que o mais desafiador é eliminar o racismo do coração das pessoas e ao mesmo tempo eliminar o racismo da cultura dos países. Reconhecer os afrodescendentes como irmãos, grandes contribuintes, mas também que merecem tratamento diferenciado pelo passivo histórico de exclusão e discriminação que têm sofrido por muitos séculos”, diz o coordenador.
(Da Rede Brasil Atual)