Fortalecer o trabalhador e trabalhadora do campo é meta para o Dia do Agricultor Familiar

Em meio ao cenário aterrador de extrema retirada de direitos, pouco há para se comemorar neste 25 de julho, Dia Internacional do Agricultor e da Agricultora Familiar.
O massacre às grandes conquistas da classe trabalhadora veio com tudo e, com os direitos dos povos do campo, das florestas e das águas não foi diferente. Enquanto o governo golpista segue na luta pelo desenvolvimento dos interesses capitalistas e patriarcais, no campo, trabalhadores sofrem com o aumento da violência e o desrespeito à vida e à dignidade humana.
Segundo dados da Comissão Pastoral da Terra, em 2016, foram registrados 1.536 conflitos por terra, água e trabalho no campo. O maior número dos últimos dez anos, sendo 26% superior ao apontado em 2015. Foram registrados 61 assassinatos de trabalhadores e trabalhadoras rurais e lideranças, um aumento de 22% em relação ao ano anterior. Já em 2017, os números assustam. Somente no primeiro semestre do ano, 47 trabalhadores rurais foram assassinados em todo o Brasil.
Os reflexos da instabilidade política do país não param por aí, e já puderam ser sentidos por esses trabalhadores, logo nos primeiros meses de governo ilegítimo de Michel Temer.
A extinção do MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário) e o desmonte de programas como Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), o PNAE (Plano Nacional da Alimentação Escolar), o PAA (Plano de Aquisição de Alimentos) e o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, também contribuíram para o aprofundamento da desigualdade no meio rural.
Já as nefastas reformas golpistas desestruturaram as relações de trabalho, relegando os trabalhadores e trabalhadoras rurais a uma escravidão perpétua no campo, já que lhes tentam negar a aposentadoria.
A sanção da MP 759, que regulamentará a grilagem e ampliará o limite de venda de terras para estrangeiros, comprova ainda mais que esse é o governo do capital e do latifúndio. Tudo isso, deixa o agricultor e a agricultora familiar a mercê dos patrões e empresários do agronegócio.
De acordo com a vice-presidenta da CUT Brasil e também agricultora familiar, Carmen Foro, este é um momento de resistência.  “Não temos nada a comemorar neste “Dia do Trabalhador e Trabalhadora Rural”. Nem eu e nem todos e todas trabalhadoras rurais da agricultura familiar e os assalariados e assalariadas rurais deste país. Precisamos refletir o momento, e pensar novas ações e lutas em defesa da agricultura familiar. Lutamos por um desenvolvimento sustentável, centrado na vida humana, no respeito ao meio ambiente, na diversidade dos sujeitos do campo, que garanta a segurança e a soberania alimentar e o fortalecimento da agricultura familiar.”, explica.
Já o presidente da CUT Brasília, Rodrigo Britto, explica que os projetos que tramitam no Congresso Nacional, tendem a retirar ainda mais direitos e a dignidade do trabalhador e trabalhadora rural. “Vivemos um período de desmonte. O cenário imposto por golpista aos agricultores, por exemplo, faz com que as conquistas retrocedam em décadas. Estão acabando com as políticas públicas de valorização, com a aposentadoria e muitos outros direitos. Isto representa a volta ao trabalho análogo ao escravo. Por isso, é fundamental fortalecermos a luta por um país mais justo e digno para todos”, afirma.
A agricultura familiar é responsável por garantir a alimentação que vai para a mesa do povo brasileiro, sendo que 75% da produção de alimentos consumidos provêm deste setor. Em meio ao descaso do governo, e comprovada a importância dos trabalhadores do campo para o desenvolvimento do país, faz-se necessária a luta pela valorização dos agricultores e agricultoras familiares de todo o país.
Fonte: CUT Brasília com informações Contag