Violência no campo promove mais uma chacina de trabalhadores rurais no Pará

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação – CNTE, entidade representativa de mais de 4,5 milhões de trabalhadores das escolas públicas brasileiras de nível básico, vem a público REPUDIAR mais uma ação violenta perpetrada contra trabalhadores rurais no Estado do Pará.
No último dia 24 de maio, dez camponeses, nove homens e uma mulher, foram mortos em um acampamento na Fazenda Santa Lúcia, localizada no município de Pau D’Arco, a cerca de 60 km de Redenção, no sudeste do Pará. Mais uma vez, a ação foi perpetrada por homens da Polícia Militar e da Polícia Civil em um operação de reintegração de posse de terra, na área da fazenda que tem 5 mil hectares. Com mais essa chacina, o Estado do Pará já conta com 17 mortes, só nesse ano de 2017, para engrossar as estatísticas de violência no campo.
É de causar perplexidade a recorrência desses casos! Em especial no Estado do Pará, recordista de mortes no campo, a resposta das autoridades é sempre na direção da defesa dos assassinos. A impunidade salta aos olhos muito em decorrência dessa ação leniente do Governo Estadual que, a todo momento, justifica essas situações de violência e respalda os seus promotores. Se não bastasse a mera defesa dos assassinos, o poder público naquele Estado coloca-se à serviço dessa violência, por meio de suas forças policiais e de sua Justiça capturada pelos interesses mais nefastos. Para defender suas polícias, a Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (SEGUP) veio a público, com total desfaçatez, dizer que o caso não se tratou de disputa de terra, mas de cumprimento de mandados judiciais (!!!) e que, quando da chegada das forças policiais no local, foram recebidos à bala.
Eles não cansam de mentir! Tratam a todos como se cegos fôssemos! Exigimos a solução desse crime bárbaro!! Estamos fartos de justificativas que só intentam proteger os verdadeiros promotores dessa barbárie e violência no campo!! Esses crimes serão denunciados e, mais uma vez, incrementarão as estatísticas de violência desse Estado, onde se mata e morre mais do que em muitas guerras pelo mundo afora.
Os/as educadores/as brasileiros/as colocam-se solidários às famílias das vítimas e exigimos uma apuração independente e autônoma desse caso, com a participação dos movimentos sociais do campo, do Conselho Nacional de Direitos Humanos, representantes da Defensoria Pública da União e de representantes internacionais de organizações de direitos humanos.
Pelo fim da violência no campo!! Pela apuração e responsabilização dos culpados por mais essa chacina!! Em defesa de políticas públicas que ponham fim a esse estado permanente de barbárie a que estamos submetidos em pleno século 21!!
Brasília, 26 de maio de 2017
Diretoria Executiva da CNTE